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O Banco de Portugal mantém reserva contra a crise imobiliária
O Banco de Portugal, liderado por Álvaro Santos Pereira, decidiu manter a reserva setorial de risco sistémico de 4% sobre os empréstimos à habitação dos bancos, garantidos por imóveis residenciais, numa decisão que confirma a estabilidade do setor financeiro nacional, mas também a eficácia da reserva preventiva.
A medida, que entrou em vigor em outubro de 2024, obriga o BCP, o Santander, o BPI, o Novobanco e também a sucursal do Bankinter em Portugal — os cinco bancos que utilizam o método de classificação interna (IRB) para avaliar o risco — a reservar capital equivalente a 4% do montante das posições ponderadas pelo risco na carteira de particulares garantida por imóveis destinados à habitação localizados em Portugal, de acordo com um relatório da Eco.
“O Banco de Portugal deverá rever a conceção e a calibração da reserva durante 2025”, afirmava o anúncio inicial aquando da medida ter sido anunciada em 2023. Esta revisão já foi efetuada, mas sem alterações. “Tendo em conta a ausência de alterações materiais no contexto, e com base numa avaliação da eficácia da medida, o Banco de Portugal decidiu manter a reserva, sem alterações”, lê-se no comunicado divulgado pelo supervisor.
A reserva setorial para o risco sistémico funciona como um airbag financeiro. Trata-se de uma reserva de capital que os bancos devem constituir com capital Common Equity Tier 1 para se protegerem de eventuais choques no mercado imobiliário residencial. O objetivo, segundo o Banco de Portugal, é “aumentar a resiliência das instituições face a uma potencial materialização futura do risco sistémico no mercado imobiliário residencial em Portugal”.
Isso significa que, se os preços das casas caírem drasticamente ou se houver uma crise no mercado hipotecário, os bancos têm uma reserva de capital para absorver as perdas sem entrar em colapso ou reduzir drasticamente o crédito à economia.
“A aplicação deste instrumento tem caráter preventivo”, sublinha o regulador. “Num cenário em que a fonte do risco se materialize, esta reserva poderá ser libertada para contribuir para a manutenção do crédito à economia”, esclarece o regulador, sublinhando que “neste cenário, o Banco de Portugal anunciará o período durante o qual não se prevê um aumento desta reserva”.
A reserva não abrange todos os bancos. Apenas aqueles que utilizam modelos internos sofisticados — o método IRB — para calcular o risco dos seus empréstimos. Por exemplo, a Caixa Económica Federal, que utiliza o método padrão de cálculo de risco, está excluída. “As instituições que utilizam o método IRB têm um peso significativo no mercado hipotecário, e as ponderações de risco que aplicam são inferiores às dos bancos que adotam o método padrão”, explica o Banco de Portugal. Por outras palavras, ao utilizarem modelos de avaliação de risco mais favoráveis, estes bancos consomem menos capital regulamentar — e a reserva de 4% visa compensar esta vantagem.
Quando a medida foi anunciada, o supervisor assegurou que “as instituições abrangidas pela medida possuem reservas de gestão suficientes para acomodar a introdução da reserva setorial para o risco sistémico”, estimando que a reserva poderia ser constituída “sem prejudicar o cumprimento de outros requisitos e diretrizes prudenciais ou a atividade de crédito destas instituições”.
A decisão de manter a reserva inalterada reflete a ausência de alterações significativas no mercado imobiliário residencial português e a eficácia da medida preventiva. A reserva de 4% deverá ser revista pelo menos a cada dois anos.