Diplomacia Marroquina: Um Modelo Integrado de Soft Power e Influência Internacional

Segunda-feira 29 - 14:45
Diplomacia Marroquina: Um Modelo Integrado de Soft Power e Influência Internacional

Marrocos está a consolidar-se como um importante actor diplomático, combinando habilmente a diplomacia institucional e o soft power para fortalecer a sua influência internacional. Esta estratégia é o resultado de um processo cumulativo, construído em torno de alavancas políticas, institucionais e simbólicas, que permite ao Reino passar de uma abordagem defensiva para uma postura proactiva e influente no panorama mundial.

Um ponto de viragem crucial foi marcado pela utilização da diplomacia parlamentar como ferramenta para promover a causa nacional, transformando o papel do legislativo num vector de influência externa. Esta abordagem alargou o apoio a Marrocos nos parlamentos internacionais e fortaleceu a percepção da legitimidade da sua posição, particularmente em relação à soberania sobre o Saara Ocidental e à sua proposta de solução baseada na autonomia.

A nível bilateral, as grandes potências reafirmaram o seu apoio, explícito ou implícito, através do reconhecimento da soberania marroquina sobre as suas províncias do Sul e da aprovação da proposta de autonomia como uma solução viável. O apoio americano representou um marco significativo, reflectindo uma lógica de estabilidade regional e de interesses estratégicos partilhados. O apoio europeu, particularmente da França e da Espanha, bem como o crescente apoio de outros Estados africanos e anglo-saxónicos, como o Quénia, o Gana e o Reino Unido, atestam a força e a expansão do consenso internacional a favor de Marrocos, que inclui agora quase 120 países que apoiam a sua visão de autonomia.

No âmbito multilateral, Marrocos reforçou a sua presença nas Nações Unidas e nas suas agências especializadas. O país consolidou o seu papel no âmbito das decisões do Conselho de Segurança relativas à procura de uma solução política para o conflito regional, ao mesmo tempo que alargou a sua participação em organismos da ONU, como o Conselho dos Direitos Humanos. Isto demonstra o reconhecimento internacional da eficácia da sua diplomacia e da sua capacidade de abordar questões globais, desde a protecção dos direitos humanos à promoção do desenvolvimento sustentável e da paz internacional.

A dimensão não institucional, ou diplomacia popular, também desempenha um papel estratégico. A cultura, o desporto e os sucessos internacionais, particularmente no futebol, contribuem para a imagem de Marrocos como um país ambicioso e aberto, reforçando a influência da diplomacia oficial e fomentando a empatia e o apoio internacional.

Assim, Marrocos desenvolveu um modelo de diplomacia integrada, combinando rigor institucional e poder suave, consolidando a sua posição como parceiro fiável e ator influente no panorama internacional, ao mesmo tempo que afirma a legitimidade e a justiça da sua causa nacional.



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