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Hyundai Rotem vai instalar fábrica de produção de comboios em Benguerir

Hyundai Rotem vai instalar fábrica de produção de comboios em Benguerir
Ontem 13:00
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Este é um sinal forte, enviado do coração de Marrocos para as grandes potências industriais: o Reino já não se contenta em simplesmente comprar comboios - quer produzi-los.
O anúncio da criação de uma fábrica da Hyundai Rotem em Benguérir e de uma nova unidade da Alstom em Fez marca uma grande mudança na estratégia industrial marroquina, agora focada resolutamente no domínio tecnológico, na expansão e na integração regional.

Com a chegada do fabricante sul-coreano, que ganhou um contrato histórico da National Railways Office (ONCF), Marrocos está a fazer muito mais do que comprar comboios de dois andares capazes de viajar a 160 km/h. Acima de tudo, obtém uma fábrica, uma transferência de know-how e uma promessa de industrialização a longo prazo.

O local de Benguérir, apoiado por uma estratégia de desenvolvimento industrial apoiada pelo governo coreano — principalmente através de empréstimos concessionais — ilustra um novo tipo de parceria: baseada na localização, formação e exportações futuras, em vez de simples trocas comerciais.

Esta mudança não é trivial. Isto acontece num contexto de concorrência feroz entre as campeãs ferroviárias do mundo: a francesa Alstom, a espanhola CAF e a Talgo, e a chinesa CRRC, todas de olhos postos neste mercado em expansão. A Hyundai Rotem, ao oferecer uma plataforma de produção verdadeiramente localizada, conseguiu alinhar com as exigências de um Marrocos agora seletivo, preocupado com a sua soberania industrial.

Ao mesmo tempo, a Alstom está a reforçar a sua presença com uma nova unidade em Fez dedicada ao fabrico de cabines para comboios regionais. Este duplo movimento – coreano no Sul, francês no Norte – reflecte o crescente interesse dos fabricantes internacionais num mercado marroquino cada vez mais estruturado.

Em menos de duas décadas, o país passou de cliente a parceiro industrial. O porto de Tânger Med, o TGV marroquino, as reformas fiscais pró-investimento e o lançamento de clusters industriais especializados (como a Morocco Train Industry) são todos activos que reforçam esta atractividade.

Para Rabat, a questão vai além do setor ferroviário. O objetivo é desencadear um efeito cascata em todo o setor: engenharia, subcontratação, manutenção, formação técnica. O objectivo claramente declarado é transformar Marrocos num pólo de produção ferroviária para o continente africano, com uma capacidade de exportação sustentada até 2030.

Este reposicionamento estratégico insere-se numa leitura mais ampla do papel que o Reino pretende desempenhar em África. Num contexto em que a necessidade de infraestruturas de mobilidade está a crescer em todo o continente, Marrocos aposta na indústria ferroviária como alavanca de influência económica, diplomática e tecnológica. Oferece-se assim um lugar nos debates sobre a conectividade transariana, sobre a transição energética dos transportes e sobre a integração logística regional.

A ascensão deste setor, apoiado por parceiros de perfis diversos, marca, assim, uma nova etapa na política industrial do país. Demonstra também a capacidade de Marrocos para impor as suas próprias condições nas negociações internacionais, para arbitrar entre potências concorrentes e para construir um tecido produtivo coerente em torno de questões de soberania, crescimento e projecção continental.

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