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Presidente do Conselho de Finanças Públicas apela a cautela nas propostas eleitorais
A presidente do Conselho de Finanças Públicas exorta os partidos agora empenhados na campanha para as eleições legislativas a darem mostras de “cautela acrescida” nas propostas.
Entrevistada no programa da RTP3 Tudo é Economia, Nazaré da Costa Cabral recordou que o Orçamento é curto.
“Por um lado, a taxa de crescimento da economia esperada para este ano é menor do que a taxa de crescimento que tivemos no ano passado. Devo dizer, aliás, que o ano começa com alguns sintomas ou, melhor dizendo, com alguns sinais que não completamente animadores”, começou por notar a presidente do Conselho de Finanças Públicas.
“Os elementos de contenção que tivemos até agora, ao nível da despesa pública e nomeadamente de despesa de investimento, que permitiu criar as tais folgas em certos outros momentos, neste momento essa possibilidade é muito mais reduzida, com a necessidade que temos de fazer os tais grandes investimentos na área das alterações climáticas”, prosseguiu Nazaré da Costa Cabral.
“Vejo que é preciso permanentemente o Conselho de Finanças Públicas alertar para essa matéria”, acentuou.
Outra das ideias deixadas pela responsável foi a necessidade de uma melhor gestão da despesa pública. Nazaré da Costa Cabral citou, a título de exemplo, o Serviço Nacional de Saúde.
“O que neste momento está por fazer é um exercício sério de revisão da despesa e melhorias ao nível da gestão pública que promovam ganhos de eficiência e de racionalização dessa mesma despesa. Em várias áreas e nomeadamente nas mais críticas, como é o caso do Serviço Nacional de Saúde.
A presidente do Conselho de Finanças Públicas falou também do excedente das contas externas e de um duplo excedente orçamental - uma situação inédita.
“Em primeiro lugar, o facto de termos tido um excedente das contas externas, da balança externa, esse já apurado na ordem dos 2,7 por cento do PIB, e em relação ao excedente orçamental estamos neste momento a assumir, em linha com aquilo que foi também a antecipação do Banco de Portugal, que ele possa estar na ordem dos 1,1 por cento do PIB, uma décima ou duas a mais não seria também de excluir. As estimativas oficiais não estão ainda encerradas”, referiu.
“É uma situação inédita porque, de facto, é marcada por este duplo excedente que não tivemos no último ano”, rematou.