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Marrocos propõe novas leis duras para conter o uso indevido das redes sociais

Quarta-feira 04 - 09:45
Marrocos propõe novas leis duras para conter o uso indevido das redes sociais

Numa medida ousada para abordar as preocupações crescentes sobre a privacidade online e a má conduta digital, o Ministro da Justiça de Marrocos, Abdellatif Ouahbi, anunciou planos para introduzir sanções rigorosas para o uso indevido das redes sociais. A legislação proposta visa reprimir a filmagem não autorizada e a partilha de conteúdos pessoais em plataformas como o TikTok e o YouTube.

Durante uma entrevista televisiva no canal 2M de Marrocos, Ouahbi enfatizou a necessidade urgente de combater o que chamou de “anarquia mediática” e de proteger a privacidade e a dignidade dos cidadãos. “Vamos acabar com o que está a acontecer no TikTok e no YouTube, como filmar a vida privada das pessoas sem a sua autorização”, afirmou com firmeza.

O ministro revelou que a solução passa pela adição de novos artigos ao código penal, impondo potencialmente anos de prisão aos infratores. Estas medidas destinam-se a abordar uma série de questões, incluindo filmagens ilegais, fotografias sem consentimento e ações que infringem as liberdades individuais, especialmente as das mulheres e das famílias.

Ouahbi manifestou particular preocupação com a actual falta de um quadro jurídico que regule o conteúdo das redes sociais. Salientou que as pessoas se sentem encorajadas a fazer afirmações infundadas sobre os funcionários do governo e os ministros em plataformas como o YouTube. Para contrariar esta situação, o ministério planeia adoptar legislação especializada para penalizar tais excessos.

Este anúncio surge no meio de apelos crescentes para uma regulamentação mais rigorosa das redes sociais em Marrocos, impulsionados por um aumento de casos de difamação e violações de privacidade. O ministro sublinhou que a dignidade humana e a vida privada são sacrossantas e invioláveis, questionando o direito dos indivíduos de fotografar ou filmar outros sem autorização explícita.

Embora as medidas propostas tenham sido bem recebidas por aqueles que se preocupam com o assédio online e as violações da privacidade, também levantaram questões sobre potenciais implicações para a liberdade de expressão. Ambos os direitos são garantidos pela Constituição marroquina, criando um equilíbrio delicado para os legisladores.

Esta não é a primeira vez que Ouahbi aborda a necessidade de regulamentos online mais rigorosos. Em dezembro de 2022, comprometeu-se a lidar “estritamente” com a difamação nas redes sociais e websites, prometendo sanções severas contra aqueles que partilham fotos através do WhatsApp, Facebook ou páginas web não jornalísticas para atacar a vida privada das pessoas.

À medida que Marrocos enfrenta os desafios da era digital, a legislação proposta representa um passo significativo no sentido da criação de um ambiente online mais seguro. No entanto, também destaca o debate global em curso sobre como equilibrar a protecção dos direitos individuais com a preservação da liberdade de expressão na esfera digital.

Nos próximos meses assistiremos provavelmente a discussões intensas, à medida que legisladores, grupos da sociedade civil e cidadãos opinarem sobre estas mudanças propostas. O resultado deste processo legislativo poderá abrir um precedente para a regulação das redes sociais, não só em Marrocos, mas potencialmente em toda a região.


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