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Marrocos-Brasil...uma parceria estratégica promissora que será fortalecida em 2024

Marrocos-Brasil...uma parceria estratégica promissora que será fortalecida em 2024
Segunda-feira 30 Dezembro 2024 - 15:05
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Entre o Marrocos e o Brasil, o Oceano Atlântico forma um elo promissor e inspirador. Apesar das grandes distâncias que os separam, os dois países partilham uma visão comum, pois duas décadas após a visita real a Brasília, uma parceria estratégica foi estabelecida e floresceu neste ano que se aproxima do fim.

Economia, diplomacia e turismo...são múltiplos campos em que cada parte encontra na outra um aliado que corresponda às suas ambições. Assim, as relações serão fortalecidas e será construída uma ponte na região do Atlântico Sul, onde as distâncias desaparecerão graças à clareza do diálogo estratégico. Neste contexto, o analista político brasileiro, Fabio de Queiroz, disse em entrevista à Maghreb Arab Press: “A principal aposta desta parceria próspera é a nossa interface atlântica comum, pois é uma característica que define a nossa essência comum e molda as características de um futuro promissor.”

O senhor de Queiroz destacou que “a construção de uma identidade atlântica como elemento de força deve ser melhor compreendida e investida”, para transformar a interface atlântica num fórum de comunicação humana, num pólo de integração económica e num centro de radiação continental e internacional. , de acordo com a visão de Sua Majestade o Rei Mohammed VI.

 Uma parceria próspera 

As relações entre Marrocos e Brasil, como atores influentes na sua região, florescem graças à confiança estabelecida no quadro do respeito mútuo e de acordo com uma visão partilhada: uma ordem internacional equilibrada, uma governação global mais justa e uma cooperação Sul-Sul com grandes ambições.

Aos olhos dos brasileiros, o Marrocos é considerado um “parceiro forte e porta de entrada para a África”. Se os laços se fortaleceram durante o governo de Bolsonaro, fortaleceram-se ainda mais com Lula, um defensor do multilateralismo e do Sul Global. Desde seu retorno, o presidente brasileiro tem trabalhado para posicionar seu país como um ator importante. O Marrocos também investe num futuro em que o Brasil esteja no caminho certo. O gigante sul-americano também é considerado um dos pilares do grupo BRICS, ou G20.

Nos bastidores da diplomacia, as trocas foram muito intensas. Em meados de Maio, Rabat e Brasília expressaram “completo consenso de pontos de vista” sobre muitas questões regionais e internacionais. Três semanas depois, discussões entre o Ministro das Relações Exteriores, Cooperação Africana e Marroquinos no Exterior, Nasser Bourita, e seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira, levaram à formalização de uma parceria estratégica multidimensional, incluindo setores com grande potencial como o setor alimentício indústria, economia verde e logística. Em outubro passado, o presidente do Senado brasileiro, Rodrigo Pacheco, visitou o Marrocos, destacando o impulso renovado para uma cooperação cada vez mais ampla.

Além disso, pela primeira vez, o Brasil elogiou os “esforços sérios e credíveis” feitos por Marrocos para avançar em direção a uma solução para a disputa do Saara no âmbito da iniciativa de autonomia apresentada em 2007.

O quadro jurídico também será reforçado para incluir sectores estratégicos como o combate à criminalidade transfronteiriça, a defesa e a indústria da aviação. O assunto não vai parar por aí; A criação de um cargo de adido militar em Brasília fortalece a parceria em setores em que o Brasil se destaca.

A este respeito, o analista político brasileiro, Fabio de Queiroz, destacou que “se a parceria está a evoluir em termos de dimensão e qualidade, ainda há um enorme potencial a ser investido aproveitando a importância geoestratégica do Atlântico”, apontando para a Eixo Rabat-Brasília como ponto de referência.

 Pontes aéreas e marítimas 

Depois de finalmente se livrar da influência da pandemia, a Royal Air Maroc lançou neste mês de dezembro sua linha direta ligando Casablanca a São Paulo. Cinco anos de ausência, porém, não é apenas uma trilha reiniciada, é um convite à descoberta, ao diálogo e à ponte entre duas culturas.

Um ano antes, a abertura de um escritório afiliado ao “Escritório Nacional de Turismo de Marrocos” em São Paulo permitiu moldar os contornos desta ambição. Parece que duplicar o fluxo de turistas brasileiros, cujo número é estimado em 50 mil anualmente, é uma meta ao alcance. Trata-se de conquistar um dos mercados mais dinâmicos do mundo. A partir do Brasil, abrem-se as portas de todo o Mercosul, com uma população de aproximadamente 300 milhões de pessoas.

Outra ambição diz respeito à prosperidade do comércio. Longe de ser apenas um anúncio, estão em curso preparativos para a celebração de um acordo de apoio administrativo mútuo no domínio aduaneiro. Além disso, existe um memorando de entendimento que visa fortalecer a posição do porto de Tânger Med como centro logístico para os operadores brasileiros. Este porto está localizado no cruzamento das principais rotas marítimas do mundo, como uma ponte natural entre o Brasil, a Europa, o Mar Mediterrâneo e o Golfo.

Para promover intercâmbios bilaterais

O setor comercial registra crescimento a cada mês que passa. Em 2024, de janeiro a setembro, o volume de exchanges atingiu US$ 2,05 bilhões. O Reino registrou superávit de US$ 197 milhões e também se consolidou como fornecedor estratégico de fertilizantes para a agricultura brasileira.

Em detalhes, as exportações totais marroquinas para o Brasil totalizaram US$ 1,123 bilhão, um aumento de 4,72%. Os fertilizantes minerais ou químicos dominam este fluxo: 51,19 por cento para aqueles que contêm dois elementos e 34,52 por cento para os fertilizantes fosfatados. Em contraste, as importações da maior economia da América Latina ascenderam a 926 milhões de dólares (mais 1,58 por cento), especialmente cana-de-açúcar (69 por cento), milho (18,45 por cento) e gado (2,17 por cento).

O Fórum Empresarial Marroquino-Brasileiro, previsto para julho próximo, em Casablanca, é um marco importante nas relações econômicas entre os dois países. A entrada em vigor do Acordo de Facilitação de Investimentos, juntamente com a recente visita de uma delegação de empresários brasileiros a Rabat, já abre caminho para novas oportunidades.

De ambos os lados, Rabat e Brasília não só anseiam por um futuro partilhado, como também trabalham para moldá-lo. A Royal Atlantic Initiative incorpora esta visão de cooperação Sul-Sul. Pretende transformar o Oceano Atlântico numa zona de paz, segurança e prosperidade partilhada face aos desafios globais como a segurança alimentar e as alterações climáticas.

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