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Após ameaças do Presidente Sissoco, missão da CEDEAO abandona Guiné-Bissau
A missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Guiné-Bissau deixou o país a 1 de março de 2025, após ameaças do Presidente Umaro Sissoco Embaló de expulsar a missão. A CEDEAO enviou a missão em coordenação com as Nações Unidas para tentar resolver a crescente crise política entre o governo e a oposição sobre o momento das próximas eleições presidenciais.
As tensões políticas intensificaram-se na Guiné-Bissau depois de o Presidente Embaló ter anunciado que as eleições se realizariam a 30 de Novembro, dez meses após o fim do seu mandato. A oposição considera a decisão uma violação da constituição, que estipula que o mandato presidencial dura cinco anos. Embaló assumiu o cargo a 27 de fevereiro de 2020 e deveria ter deixado o cargo a 27 de fevereiro de 2025.
Perante esta situação, o Supremo Tribunal Federal do país decidiu que as eleições deveriam ser realizadas a 4 de setembro de 2025, mas o presidente mantém a sua posição, dizendo que a lei eleitoral permite que as eleições sejam realizadas entre 23 de outubro e 25 de novembro. A decisão da CEDEAO de abandonar a Guiné-Bissau surge numa altura em que o Presidente Embaló acaba de regressar de uma visita à Rússia, onde manteve conversações com o Presidente Vladimir Putin sobre a situação na Guiné-Bissau e na região. Embaló elogiou as relações entre o seu país e Moscovo, e Putin manifestou o crescente interesse das empresas russas no mercado da Guiné-Bissau.
A CEDEAO desempenhou um papel fundamental no processo político na Guiné-Bissau, sendo a primeira a reconhecer a vitória de Embaló nas eleições de 2020, embora os seus opositores tenham contestado a sua eleição. A organização interveio também por três vezes para repor a ordem e a segurança no país, mais recentemente em 2022, após uma tentativa de golpe contra o regime de Embaló. O Presidente Embaló presidiu também à CEDEAO entre julho de 2022 e meados de 2023.
Sob a sua presidência, dissolveu o parlamento por duas vezes: uma vez em 2021 e novamente em dezembro de 2023, após a violência na capital, que alegadamente estava ligada a uma tentativa de golpe. Embaló acusou membros da oposição parlamentar de estarem envolvidos nestes acontecimentos. Embora tenha prometido inicialmente não se candidatar a um segundo mandato, deu a entender que poderia reverter a sua decisão se houvesse uma exigência popular. Desde que a Guiné-Bissau conquistou a independência de Portugal, em 1974, o país tem passado por tensões políticas frequentes, marcadas por quatro eleições bem-sucedidas e onze tentativas de golpe falhadas.
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