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COP16: povos indígenas da Amazónia exigem proteção dos seus territórios

COP16: povos indígenas da Amazónia exigem proteção dos seus territórios
11:00
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Na passada segunda-feira, na abertura da Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP16) em Cali, na Colômbia, um vento de resistência e esperança soprou pelas ruas da cidade. Os povos indígenas da Amazónia, portadores de uma história milenar de convivência com a natureza, mobilizaram-se para exigir medidas concretas de proteção dos seus territórios ancestrais, ameaçados pela desflorestação, pela mineração e pela exploração ilegal de recursos.

Uma voz coletiva pela natureza

Reunindo representantes de 196 países, a COP16, que decorrerá até 1 de Novembro, visa finalizar um tratado global sobre biodiversidade. Este acordo, iniciado durante a COP15 em Montreal, em 2022, compromete a comunidade internacional a proteger 30% dos ecossistemas terrestres e marinhos até 2030. Mas para os povos indígenas da Amazónia, esta ambição não pode ser alcançada sem o reconhecimento dos seus direitos.

“Somos administradores destas terras há gerações. Proteger a biodiversidade significa proteger o nosso modo de vida, a nossa cultura, a nossa espiritualidade”, declarou Yesid Conda, membro do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), durante uma manifestação pacífica organizada à margem das discussões oficiais. Os povos indígenas, que estão na linha da frente das lutas ambientais, são frequentemente os mais afectados pela destruição dos ecossistemas.

Colômbia, anfitriã de uma COP inclusiva

No seu papel de país anfitrião, a Colômbia esforça-se por dar um lugar central às comunidades indígenas e afrodescendentes nos debates. Estes grupos, muitas vezes marginalizados nas discussões globais, transportam, no entanto, conhecimentos ancestrais essenciais para a preservação dos ecossistemas. Susana Muhamad, Ministra do Ambiente da Colômbia e Presidente da COP16, reconheceu a importância destas comunidades no seu discurso de abertura. “É tempo de reconhecer o poder político dos povos indígenas e colocá-los no centro das soluções para a crise da biodiversidade”, disse ela, acrescentando que a Colômbia incorporou as suas perspectivas no “Plano de Acção para a biodiversidade 2030”.

Soluções para um futuro sustentável

A pressão exercida pelas comunidades indígenas não tem apenas a ver com a preservação da sua cultura, mas também com o futuro do planeta. De acordo com vários estudos, os territórios geridos por povos indígenas albergam uma biodiversidade mais rica e ecossistemas mais resilientes do que as áreas sob gestão pública ou privada. Assim, as suas práticas sustentáveis ​​de gestão do território oferecem soluções concretas para a degradação ambiental.

Apesar dos muitos desafios, a esperança num acordo global capaz de inverter a perda de biodiversidade continua viva. Mas para os manifestantes indígenas em Cali, esta esperança só será concretizada se as suas vozes forem verdadeiramente ouvidas e se os seus territórios forem respeitados. “Proteger a nossa terra significa proteger o futuro de toda a humanidade”, recordou Yesid Conda, concluindo a marcha com um convite a uma ação global, urgente e inclusiva.

À medida que a COP16 prossegue, a questão permanece em aberto: estará a comunidade internacional preparada para seguir o caminho traçado por estes guardiões da floresta para salvar a biodiversidade?


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