Criminalidade em Portugal cai 1,3% – mas cobertura mediática sobre crime aumenta 130%
A criminalidade em Portugal diminuiu 1,3% nos últimos 25 anos. No entanto, o foco na criminalidade por parte da mídia/redes sociais e partidos políticos aumentou 130% – e, consequentemente, a percepção pública de insegurança neste país aumentou.
Essa conclusão foi tirada de um estudo do Observatório de Segurança e Defesa (SEDES), no qual foram analisadas as primeiras páginas dos cinco principais jornais do país, usando Inteligência Artificial, do ano 2000 a 2024.
O estudo da SEDES mostra que houve “um aumento significativo não apenas no número de referências a crimes, mas na persistência de casos na mídia” — inclusive nas redes sociais, onde a divulgação de casos de crimes/detalhes de crimes regularmente transborda para o âmbito da desinformação.
Como explica a SIC Notícias, “de acordo com a reportagem, a resposta do sistema judicial também pode influenciar o sentimento de insegurança” (ou seja, quando suspeitos de crimes violentos são libertados sob fiança/ idem para abusadores de crianças).
“Na visão da SEDES, uma das soluções que pode contribuir para uma maior clareza de informação é a introdução de inquéritos de vitimização que permitam quantificar melhor os fenómenos criminais, em paralelo com os relatórios anuais de segurança”, refere o veículo.
A SEDES “também propõe estratégias de comunicação mais eficazes no nível das forças de segurança e do judiciário”.
O SIC não menciona os casos em que partidos políticos compartilham "notícias falsas" para promover suas próprias agendas. Isso foi mencionado no estudo, que se refere à "exploração política de certos casos".
SEDES também se refere a “comportamentos desviantes não criminalizados que, apesar de não constituírem crime, influenciam negativamente a percepção de segurança”.
Além disso, o estudo critica a inconsistência e a falta de comparabilidade dos dados dos Relatórios Anuais de Segurança Interna (RASI), o que dificulta uma análise objetiva da evolução da criminalidade.
Entre as soluções propostas estão pesquisas regulares de vitimização, padronização estatística no RASI, comunicação institucional mais clara e eficaz/maior coordenação entre as forças de segurança e o sistema judicial.