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Portugal pondera interligação energética com Marrocos no meio de atrasos franceses

Portugal pondera interligação energética com Marrocos no meio de atrasos franceses
13:51
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Enquanto a França continua a impedir ligações de energia da Península Ibérica, Portugal está a explorar a possibilidade de estabelecer uma interligação eléctrica com Marrocos. Esta consideração estratégica decorre da ligação existente de Espanha com a nação do Norte de África e surge em resposta a um recente apagão maciço que sublinhou as vulnerabilidades energéticas da Península.

Durante reuniões em Bruxelas, na quarta-feira, a ministra portuguesa do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, articulou esta potencial mudança. “No caso de Portugal e Espanha, a interligação mais lógica e racional é com a França”, reconheceu Carvalho. “Mas também estamos a considerar uma interligação com Marrocos.”

O inquérito formal, entregue juntamente com a colega espanhola Sara Aagesen ao Comissário da Energia da UE, Dan Jørgensen, procura apoio político e financeiro para as ligações a França. Apela à rápida integração da Península Ibérica no quadro energético da UE. Atualmente, os níveis de interligação entre a Península Ibérica e a França situam-se apenas nos 2,84%, ficando aquém das metas da UE de 10% até 2020 e de 15% até 2030.

Carvalho enfatizou a necessidade de colaboração: “Queremos que a França, por causa deste incidente, reconheça as vantagens da interligação para todos”. Propôs uma reunião trilateral envolvendo França, Espanha e Portugal, facilitada pela Comissão Europeia.

No entanto, o entusiasmo da França pela expansão das interligações energéticas parece limitado. Carvalho observou que os planos anteriores para duas ligações aos Pirenéus foram adiados por tempo indeterminado. “Há um acordo, mas houve atrasos sucessivos”, afirmou ela, refletindo frustração com a estagnação do progresso.

Em contraste, a ligação alternativa a Marrocos apresenta os seus próprios desafios. “Seria mais caro pela distância e por ser uma ligação submarina”, explicou Carvalho. No entanto, continua a ser uma opção estratégica, existindo acordos existentes que visam reforçar a cooperação eléctrica em todo o Mediterrâneo.

A urgência desta questão é reforçada pela recuperação mais lenta de Portugal após o apagão de 28 de Abril. Carvalho comentou: “A falta destas ligações tornou o processo de recuperação mais lento”. Laços reforçados com a França poderiam ter acelerado os esforços de recuperação e facilitado uma retoma mais rápida do poder para Portugal.

Durante a crise do apagão, Marrocos demonstrou o seu empenho ao mobilizar 38% da sua capacidade de produção para ajudar Espanha através dos cabos submarinos existentes. O Primeiro-Ministro espanhol, Pedro Sánchez, expressou publicamente a sua gratidão pelo rápido apoio de Marrocos, destacando a eficácia das suas interligações energéticas.

“A electricidade foi restabelecida em algumas regiões graças às interligações com França e Marrocos”, observou Sánchez, sublinhando a solidariedade entre estas nações em momentos críticos.

Normalmente, Marrocos importa 778 megawatts de Espanha, mas inverteu esse fluxo durante a crise, enviando 519 megawatts para norte. O Ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, elogiou Marrocos pela sua assistência crucial, reafirmando a força das relações bilaterais.

A ligação existente opera através de duas linhas submarinas, com uma capacidade combinada de 1.400 megawatts, e existem planos para um terceiro cabo que acrescentará 700 megawatts até 2026. Esta infraestrutura é uma prova de décadas de cooperação.

À medida que as investigações sobre o apagão prosseguem, as suspeitas iniciais apontam para o sul de Espanha, particularmente para a Andaluzia. Embora os especialistas considerem a possibilidade de ataques cibernéticos, continuam céticos em relação a esta teoria. A investigação irá também avaliar o papel dos sistemas de energia renovável e de gestão da rede no incidente.

Portugal insiste numa investigação rápida e completa, defendendo conclusões no prazo de seis meses em vez de cumprir o prazo legal padrão. A gravidade do apagão exige conclusões rápidas, defende Carvalho, para evitar ocorrências futuras e garantir a segurança energética.

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