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Países árabes unidos contra o plano de Trump para Gaza
Os países árabes, numa rara demonstração de unidade, manifestaram a sua hostilidade em relação ao plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, de transferir os palestinianos da Faixa de Gaza para o Egipto e para a Jordânia.
Até os amigos mais próximos de Washington estão a revoltar-se contra a proposta, e países como o Egipto, a Jordânia, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Qatar estão a realizar intensos esforços diplomáticos para tentar bloqueá-la.
"Os Estados árabes não podem ser vistos como aliados dos Estados Unidos e de Israel e a apoiar uma política de limpeza étnica dos palestinianos em Gaza", disse Anna Jacobs, do Arab Gulf States Institute, em Washington.
Nas últimas duas semanas, Trump insistiu na sua proposta de simplesmente "limpar" Gaza, que seria "propriedade" dos Estados Unidos, enquanto os mais de dois milhões de habitantes do território palestiniano seriam transferidos para o Egito e a Jordânia.
Perante a forte oposição dos dois primeiros países árabes a assinar a paz e a pôr fim ao estado de guerra com o vizinho israelita, o presidente norte-americano ameaçou suspender a ajuda ao Cairo e a Amã caso estes se recusassem a receber a população de Gaza.
Cairo soa o ataque
O Egito adotou a posição mais determinada, irritado com a ameaça do presidente norte-americano.
Ciente de que não pode competir sozinho com o projecto americano, o Cairo optou por mobilizar o mundo árabe, que pela primeira vez está a mostrar a sua unidade.
Com o apoio da Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar, aliados tradicionais dos Estados Unidos, o Cairo falou em "linha vermelha" e violação dos direitos palestinianos.
"O Egito não pode fazer isto sozinho e precisa do apoio dos árabes, particularmente dos países do Golfo, para adotar uma posição árabe unificada sobre esta questão da deslocação", disse Michael Hanna, diretor do programa americano do International Crisis Group, à AFP.
"O Egito não tem influência económica, mas o apoio do Golfo fortalece o seu poder de decisão no panorama internacional e face a Trump", acrescenta.
Como parte da sua ofensiva, o Egipto anunciou uma cimeira árabe extraordinária no Cairo no final deste mês e disse que "apresentaria uma visão abrangente" para a reconstrução de Gaza, o que garantiria que os palestinianos permanecessem nas suas terras.
O Cairo também garantiu um acordo de princípio para realizar uma reunião ministerial de emergência da Organização de Cooperação Islâmica após a cimeira.
"Posição Árabe Unificada"
A Jordânia, que já acolhe 2,3 milhões de refugiados palestinianos, tem sido igualmente firme.
O rei Abdullah II e o presidente Sisi enfatizaram na quarta-feira a "unidade" das posições dos seus países após um encontro em Washington entre o soberano hachemita e o presidente norte-americano, Donald Trump.
Afirmaram a importância do "lançamento imediato do processo de reconstrução na Faixa de Gaza, sem deslocar o povo palestiniano das suas terras".
A Arábia Saudita também adotou uma linha dura. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do reino reiterou o compromisso de Riade com um Estado palestiniano e denunciou qualquer tentativa de "extirpar os palestinianos".
Os Emirados Árabes Unidos, que assinaram um acordo de normalização com Israel em 2020, juntaram-se ao grupo de opositores do projeto ao rejeitar qualquer "compromisso" com os "direitos alienáveis do povo palestiniano" e qualquer tentativa de os deslocar.
O Bahrein, outro país do Golfo que normalizou as relações com Israel, apelou "ao estabelecimento de um Estado palestiniano com total soberania, de forma a que permita a coexistência pacífica com Israel".
Um raro momento de união
Este momento de unidade é invulgar numa região frequentemente dividida por interesses geopolíticos conflituantes.
O chefe de Estado libanês, Joseph Aoun, que foi nomeado para o cargo mais alto com a ajuda dos Estados Unidos, rejeitou também na quarta-feira "propostas que levariam a qualquer tipo de deslocação de palestinianos".
O presidente interino da Síria, Ahmad al-Shareh, que precisa do apoio dos EUA para levantar as sanções ao seu país, também classificou o plano de Donald Trump como "um crime muito grave que não pode acontecer".
Para o politólogo egípcio Ahmed Maher, a mensagem do mundo árabe é clara: qualquer deslocação forçada está excluída e a solução para o conflito israelo-palestiniano "é o modelo de dois Estados. Qualquer discussão fora destes dois pontos é irrelevante", disse à AFP.
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