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Marrocos sobe para o 27º lugar no mundo em termos de adoção de criptomoedas

Marrocos sobe para o 27º lugar no mundo em termos de adoção de criptomoedas
Segunda-feira 16 Setembro 2024 - 12:00
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Marrocos deu um salto significativo no ranking global de adoção de criptomoedas, subindo para o 27º lugar de acordo com o último relatório publicado pela plataforma Chainalysis para o ano de 2024. Esta classificação permite ao Reino manter a sua posição de liderança no Norte de África e continuar a ser a segunda nação africana atrás da Nigéria, que ocupa o segundo lugar no mundo e o primeiro no continente.

Este resultado realça a crescente importância das criptomoedas em Marrocos, apesar das restrições regulatórias impostas pelo Banco Central do país. A classificação global tem em conta as utilizações únicas das moedas digitais nos diferentes países, refletindo uma utilização cada vez mais diversificada em Marrocos, especialmente para trocas e transações diárias.

O relatório Chainalysis baseia-se em diversos indicadores para determinar a adoção de criptomoedas em cada país. Entre estes critérios, encontramos o valor das criptomoedas recebidas pelos serviços centralizados, os volumes de vendas no retalho, bem como a participação das criptomoedas no PIB per capita. Esta metodologia permite traçar um retrato preciso dos países onde as criptomoedas são mais utilizadas.

Assim, o Reino destaca-se dos seus vizinhos da região, estes últimos com uma classificação muito inferior. A Argélia surge na 43ª posição, seguida de perto pelo Egipto (44ª) e pela Tunísia (80ª). A Líbia está em 100º lugar, enquanto a Mauritânia vem na retaguarda, em 144º lugar. Este contraste realça a liderança de Marrocos na adoção de moedas digitais na região.

A nível global, a Índia domina o ranking, seguida pela Nigéria, Indonésia, Estados Unidos e Vietname. Estes países ocupam respetivamente as cinco primeiras posições, refletindo a adoção massiva de criptomoedas, nomeadamente por razões de facilidade de acesso às transações e de contornar os sistemas financeiros tradicionais. Ucrânia, Rússia e Filipinas completam o top 8.

A ascensão das criptomoedas em Marrocos ocorre mesmo quando o Banco Central Marroquino mantém uma postura cautelosa em relação a estas tecnologias. Embora a utilização de moedas como a Bitcoin ainda não esteja regulada por leis específicas, o Reino continua a acompanhar de perto a evolução deste mercado.

Desde 2017, o Banco Al-Maghrib tem alertado constantemente para os riscos associados à utilização de criptomoedas, nomeadamente a sua volatilidade, a falta de proteção legal em caso de perdas, bem como a sua possível utilização para fins ilegais, tais como lavagem de dinheiro ou financiamento do terrorismo.

Paralelamente a esta crescente adoção de criptomoedas, o Al-Maghrib Bank (BAM), liderado por Abdellatif Jouahri, continua a trabalhar no projeto do “dirham eletrónico”. Este projecto, actualmente em desenvolvimento com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, poderá passar à fase de testes num futuro próximo. O objetivo é criar uma moeda digital nacional, mais bem regulamentada e adaptada às necessidades do país.

Este projeto de moeda digital poderá oferecer uma alternativa às criptomoedas, ao mesmo tempo que satisfaz as necessidades de modernização do sistema financeiro marroquino. Permitiria também um melhor controlo dos fluxos monetários e reduziria os riscos associados às criptomoedas.

Marrocos posiciona-se assim como um ator chave na adoção de criptomoedas no Norte de África e no continente. Este progresso é tanto mais notável quanto se verifica num contexto de prudência regulatória. O Reino mostra que é possível navegar entre a inovação tecnológica e a regulamentação rigorosa, mantendo a confiança dos utilizadores e das instituições financeiras.

Por fim, Marrocos continua a destacar-se no domínio das criptomoedas, apesar dos desafios regulamentares. O projeto do dirham digital poderá ser um passo crucial na modernização do sistema financeiro marroquino, oferecendo uma alternativa regulamentada às criptomoedas, ao mesmo tempo que satisfaz as necessidades de segurança e transparência. Os futuros desenvolvimentos nesta área terão de ser acompanhados de perto, uma vez que poderão ter um impacto significativo na economia e na sociedade marroquinas.


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