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Jogos Olímpicos. Diploma à chuva e salto com arte
Os primeiros dias de competição puseram travão às expetativas portuguesas de conquistar medalhas. A frustação é superior aos resultados obtidos.
Os Jogos Olímpicos Paris 2024 começaram de forma inovadora, mas discutível, com a espetacular cerimónia de abertura no rio Sena. Mais de 300 mil pessoas assistiram ao desfile dos atletas em dezenas de barcos num evento único, muito bem trabalhado em termos de televisão, mas onde se perdeu um pouco do ambiente olímpico que se vivia no interior de um estádio. Poder ser apenas impressão, mas não é a mesma coisa…
Nos três primeiros dias, houve vários atletas portugueses em competição, com diferentes estados de espírito. Se no ciclismo e na ginástica os resultados foram muito bons, já no judo e no skate o desempenho ficou aquém do esperado e a frustração foi grande. O melhor resultado foi o 7.º posto de Nélson Oliveira no contrarrelógio individual, ganho por Remco Evenepoel, que juntou a medalha de ouro ao título mundial. O ciclista português repetiu a classificação do Rio 2016 e teve direito a novo diploma olímpico, desta vez com condições bastante adversas devido à chuva. “Foi uma boa corrida. Era impossível fazer melhor em termos de desempenho. Fui acelerando e terminei no meu limite”, disse o especialista em contrarrelógio, que lembrou: “Queria ficar no top 10 e cumpri o meu sonho de obter o diploma”. Rui Costa terminou no 25.º lugar, mas o seu principal objetivo é a prova de fundo, que se realiza no sábado.
Salto histórico A ginasta Filipa Martins conseguiu o melhor desempenho de sempre com a passagem à final ‘all-around’, onde vai encontrar, entre outras, Simone Biles. Filipa está entre as melhores 24 ginastas do mundo e já melhorou a classificação do Rio 2016 (37.º), o que foi a sua primeira vitória. Em Paris, fez um salto de elevado risco que entrou na história de ginástica portuguesa. “Foi um exercício que impõe muito respeito, foi a melhor prova da minha carreira. Concretizei um grande objetivo”, disse a atleta, que já pensa na final. “É sempre possível aperfeiçoar alguma coisa e tentar arriscar nos saltos”, disse Filipa Martins, que volta a competir hoje.
Depois de terem sido eliminados em singulares, Nuno Borges e Francisco Casbral venceram uma dupla grega na variantes de pares e mantêm o ténis português nos Jogos Olímpicos.
A principal desilusão foi Gustavo Ribeiro. O skater teve uma exibição comprometedora e foi eliminado na prova de Street, onde era candidato a vencer uma medalha, sobretudo depois de ter dito que “estava mais confortável neste skatepark do que em Tóquio”, onde foi 8.º classificado. Gustavo foi pouco consistente e caiu várias vezes em manobras que antes realizara com êxito e que lhe deram o título mundial de Street League Skateboarding há dois anos. O português entrou mal na prova, depois arriscou tudo em manobras de elevado risco – estavam guardadas para a final – que correram francamente mal. De forma inesperada e em poucos minutos, caíram por terra três anos de trabalho. “O skate, às vezes, é um pouco injusto. Podes trabalhar durante anos, mas acordas num dia mais errado e as coisas não funcionam. Não consegui andar da maneira como queria, apesar disso tentei lutar até ao fim”, reconheceu.
Catarina Costa não fez muito melhor e foi eliminada no segundo combate da categoria – 48 kg, ficando aquém daquilo que se esperava da vice-campeã europeia e atual 7.ª classificada no ranking mundial. A judoca portuguesa teve uma atuação demasiado defensiva e acabou por ser derrotada por Gabriela Narvarez, 60.ª do ranking, por ippon no golden score e disse adeus a Paris 2024. “Era uma adversária que não conhecia. Quando vamos para o ponto de ouro, pode ser de qualquer uma. Fiz um movimento muito bom primeiro e ela a seguir teve a felicidade de me conseguir projetar numa técnica de sacrifício, ela nunca tinha feito isto em outras competições. Acabou aqui o meu sonho, fico triste porque dei tudo de mim”, disse a judoca, que teve uma presença demasiado curto para tantas ambições.
No surf, a campeã europeia Yolanda Hopkins apurou-se para os oitavos de final da competição, que se realiza na praia de Teahupoo, no Taiti, ao vencer no “woman-on-woman” a neozelandesa Saffi Vette. “Espero ter melhores ondas porque quero dar mais show no próximo ‘heat’”, afirmou a surfista, que foi 5.º em Tóquio 2021. A campeã nacional Teresa Bonvalot foi eliminada na repescagem por uma surfista que se estreou nos jogos olímpicos.
No ténis de mesa, as portuguesas Fu Yu, a atleta mais velha da comitiva portuguesa com 45 anos, e Jieni Shao apuraram-se para a segunda ronda, já Marcos Freitas e Tiago Apolónia foram eliminados. João Costa foi 32.º nos 100 metros costas e ficou a mais de um segundo do seu melhor tempo. “Queria disputar e bater o recorde nacional, mas não foi possível. Agora é trabalhar para fazer melhor”, disse o nadador.
Estreia e medalhas Paris 2024 teve um momento único que foi a surpreendente vitória do Sudão do Sul frente a Porto Rico (90-79) em basquetebol. O Sudão do Sul é um dos países mais pobres do mundo e seus os jogadores fizeram um verdadeiro milagre. Nunca tiveram um ginásio para treinar e viveram num acampamento, no Ruanda. A seguir vão defrontar os EUA, com as estrelas da NBA, numa partida surreal entre a seleção mais rica e a mais pobre do mundo.
Até ao dia de ontem, o medalheiro era dominado pela Coreia do Sul, Japão e China com cinco medalhas de ouro, seguida pela França e Austrália com quatro ouros e os EUA com três títulos olímpicos. Se somarmos todas as medalhas, incluindo as de prata e bronze obtidas por cada país, os EUA lideram com 14 medalhas, a França tem 13 e o Japão 11. Olhando para o lado negro dos Jogos Olímpicos, houve três atletas desqualificados por dopping. A jogadora de voleibol dominicana Lisvel Mejia e a pugilista nigeriana Cynthia Temitayo Ogunsemilore (- 60 kg) acusaram positivo à furosemida e o judoca iraquiano Sajjad Sehen acusou positivo a substâncias anabolizantes proibidas.