X

Inteligência artificial: 40% dos empregos globais estão em risco, alerta ONU

Inteligência artificial: 40% dos empregos globais estão em risco, alerta ONU
Terça-feira 08 - 09:18
Zoom

A inteligência artificial está prestes a redefinir profundamente o mundo do trabalho, um fenómeno cujas implicações podem ser dramáticas para milhões de trabalhadores. De acordo com um relatório publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), quase 40% dos empregos no mundo estão ameaçados pelo crescimento da inteligência artificial. Enquanto alguns sectores acolhem esta revolução com optimismo, outros temem uma profunda reorganização dos empregos que poderá atingir duramente determinadas regiões e categorias sociais.

Empregos administrativos: o primeiro alvo da inteligência artificial

Nesta transformação digital, principalmente os cargos administrativos e de escritório são os mais expostos. Estas posições, há muito vistas como elementos estáveis ​​nas economias modernas, correm o risco de ver as suas funções amplamente automatizadas por tecnologias avançadas. A inteligência artificial, graças à sua capacidade de processar volumes de dados, escrever documentos, analisar informação ou até mesmo planear processos, está a tornar-se capaz de substituir tarefas anteriormente reservadas aos humanos, frequentemente descritas como "trabalho de conhecimento".

O aparecimento destas tecnologias sugere uma ruptura na organização tradicional do trabalho, onde milhões de tarefas humanas correm o risco de desaparecer sob a pressão dos algoritmos. Mas esta evolução tecnológica não se limita às economias desenvolvidas.

Países do Sul, vítimas da exclusão tecnológica

Um dos aspectos mais preocupantes do relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento é a posição particularmente vulnerável dos países em desenvolvimento face a esta revolução digital. De facto, mais de 100 países do Sul Global, principalmente países em desenvolvimento, não estão a participar activamente nas discussões internacionais sobre a regulamentação da inteligência artificial. Esta exclusão corre o risco de limitar a sua capacidade de influenciar as normas e regras que irão reger esta tecnologia, exacerbando assim as desigualdades económicas e sociais globais.

"Os países do Sul devem envolver-se plenamente nestas discussões para defender os seus interesses e contribuir para a construção de uma inteligência artificial que sirva a todos, e não apenas a alguns privilegiados", alertou a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Sem regulamentações inclusivas, estas nações podem ver-se excluídas desta revolução digital, com consequências potencialmente dramáticas para as suas economias e populações.

Inteligência artificial: uma tecnologia que não é neutra

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento sublinha ainda que a tecnologia, apesar do seu carácter tecnológico, nunca é neutra. Reflete as prioridades e os interesses daqueles que o projetam. No entanto, se o futuro digital for moldado por um pequeno número de intervenientes económicos dos países desenvolvidos, o fosso tecnológico e económico entre o Norte e o Sul corre o risco de aumentar de forma irreversível.

Rumo a um debate global sobre a regulamentação da inteligência artificial

Embora a inteligência artificial prometa gerar ganhos consideráveis ​​de produtividade e simplificar muitas tarefas, o relatório apela a uma reflexão mais profunda sobre os seus impactos sociais. É fundamental colocar a seguinte questão: a que custo estão a ser feitos estes avanços e para quem? A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento convida, por isso, os governos, as empresas e os trabalhadores a envolverem-se num diálogo global mais equitativo, de forma a definir os contornos de uma revolução digital inclusiva que beneficie toda a humanidade.

Numa era de rápidas mudanças tecnológicas, é mais importante do que nunca lembrar que a inteligência artificial, como qualquer tecnologia, deve ser regulamentada para garantir um futuro mais justo e equilibrado para todos, independentemente de viverem em Nova Iorque, Nairobi ou Nova Deli.

Adicione seu comentário

300 / Caracteres restantes 300
Condições de publicação : Não insulte o autor, as pessoas, os lugares sagrados, não ataque religiões ou divindades, evite incitação racial e insultos

Comentários (0)

As opiniões expressas nos comentários refletem apenas as de seus autores, não as de Lou.Press

Leia mais