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EUA procuram novo modelo de ajuda a Gaza para substituir fundação polémica
Os Estados Unidos estão a considerar uma nova abordagem para a prestação de ajuda humanitária em Gaza, com o objectivo de substituir a controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF). O plano, ainda em fase conceptual, visa melhorar a logística, reconstruir a confiança internacional e responder às crescentes necessidades humanitárias no enclave após dois anos de guerra e controvérsias na distribuição de ajuda.
De acordo com um alto funcionário do Governo norte-americano, "estão a ser consideradas várias abordagens para levar ajuda eficaz à população de Gaza – nada está finalizado". A proposta surge numa altura em que os EUA procuram aumentar as entregas de alimentos, água e material médico no meio de alertas de fome e doenças, após um frágil cessar-fogo de 13 dias que permitiu a entrada de comboios de ajuda limitados no território.
No cerne do plano está a criação de um "Cinturão Humanitário de Gaza", uma rede de 12 a 16 centros de ajuda seguros ao longo das áreas de onde as forças israelitas retiraram. Estes centros funcionariam como centros multifuncionais, distribuindo bens essenciais, albergando instalações médicas, cozinhas móveis e abrigos temporários, além de servirem de bases operacionais para reparações de infraestruturas, como redes elétricas, redes de saneamento e sistemas de água.
Além da ajuda humanitária imediata, o plano prevê "instalações de reconciliação voluntária" para os militantes entregarem armas em troca de amnistia, bem como "bases operacionais avançadas" a uma força internacional de estabilização encarregada de apoiar a desmilitarização. O Centro de Coordenação Civil-Militar (CMCC), liderado pelos EUA, iria gerir a espinha dorsal operacional, exigindo que as agências da ONU e as ONG canalizassem a ajuda através do CMCC no prazo de 90 dias após a implementação. A vigilância por drones também é proposta para garantir a supervisão em tempo real e evitar pilhagens ou interferências.
Apesar dos seus objectivos humanitários, o plano tem suscitado preocupações entre as organizações humanitárias. Os críticos alertam que corre o risco de repetir erros associados à Fundação Humanitária de Gaza, que enfrentou acusações de militarizar a ajuda e minar a neutralidade. Muitas agências internacionais recusaram-se anteriormente a trabalhar com a GHF por estes motivos.
O projecto de estrutura sugere a substituição ou absorção do GHF por outros intervenientes humanitários, incluindo a Cruz Vermelha dos Emirados Árabes Unidos e de Marrocos e a Samaritan’s Purse, uma organização cristã evangélica sediada nos EUA. O sistema proposto inclui depósitos seguros para armazenamento, centros logísticos para entregas diárias e unidades de reconstrução para restaurar as infraestruturas essenciais. As grandes cozinhas e padarias comunitárias forneceriam milhares de refeições diariamente às famílias deslocadas.
O GHF já começou a encerrar as suas operações, embora mantenha financiamento suficiente para continuar até novembro. Os governos europeus continuam fortemente contrários a qualquer papel futuro da organização devido à sua associação com escoltas armadas e zonas restritas, que minaram a confiança.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) confirmou que as agências da ONU e os importantes grupos de ajuda humanitária participaram na primeira reunião de coordenação do CMCC, sinalizando disponibilidade para se envolverem com a nova estrutura.
Por enquanto, a proposta de Washington continua a ser um projecto — ambicioso, polémico e politicamente sensível. O seu sucesso dependerá não só da eficiência operacional, mas também da reconstrução da confiança entre os doadores, as agências humanitárias e a população de Gaza. Como observou uma autoridade ocidental, "Gaza não precisa apenas de novas estruturas; precisa de confiança. Sem ela, nenhum plano – por mais sofisticado que seja – se manterá."