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A essência do chá marroquino: uma tradição cultural enraizada na hospitalidade

A essência do chá marroquino: uma tradição cultural enraizada na hospitalidade
Quinta-feira 03 - 14:00 Jornalistas: Azzat Manal
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Em Marrocos, o chá transcende o mero refresco; incorpora uma rica tradição cultural que significa hospitalidade e amizade. A preparação e consumo do chá de menta marroquino, conhecido localmente como atay, é um ritual acarinhado, rico em história e significado social.

A Arte da Preparação

O chá de menta marroquino é fabricado principalmente com chá verde chinês, especificamente uma variedade conhecida como chá de pólvora, que é conhecido pelas suas folhas bem enroladas. O processo de preparação deste chá é uma forma de arte, muitas vezes realizada pelo homem chefe de família como demonstração de habilidade e cuidado. Este ritual envolve servir o chá de uma altura elevada para criar uma superfície espumosa, enfatizando o sabor e a apresentação. Normalmente infundido com folhas de hortelã fresca e quantidades generosas de açúcar, a bebida resultante é doce e aromática, apreciada ao longo do dia, principalmente durante as refeições.

Um símbolo de hospitalidade

O ato de servir chá em Marrocos carrega um significado profundo. É costume preparar e apresentar o chá aos convidados, refletindo a cordialidade e generosidade do anfitrião. O chá é servido em copinhos numa bandeja de prata, acompanhado de ingredientes essenciais: bule, água a ferver, açúcar e hortelã. Esta experiência comunitária promove a ligação entre familiares, amigos e parceiros de negócio, sendo a oferta de chá sinónimo de amizade e respeito.

Contexto histórico

As origens do chá em Marrocos permanecem algo obscuras, com várias teorias a sugerirem a sua introdução por diferentes culturas ao longo dos séculos. Alguns historiadores propõem que os fenícios trouxeram o chá para o Norte de África por volta do século XII, enquanto outros atribuem a sua introdução aos comerciantes árabes ou aos colonizadores europeus. Independentemente das suas origens, no século XIX, o chá estava profundamente enraizado na sociedade marroquina, servindo tanto como alimento básico diário como símbolo de interação social.

Comércio de chá em Marrocos

Embora Marrocos não cultive o seu próprio chá devido ao seu clima árido, está entre os maiores importadores mundiais de chá verde. Só em 2022, Marrocos importou aproximadamente 255 milhões de dólares em chá, principalmente da China. Esta importação significativa sublinha a dependência do país de fontes estrangeiras para a sua querida bebida. Curiosamente, apesar de ser um grande importador, Marrocos também exporta uma quantidade modesta de chá, cerca de 26,8 milhões de dólares em 2022, principalmente para países como Singapura e França.

Em síntese, o chá de menta marroquino é mais do que apenas uma bebida; é um aspecto vital da identidade cultural e do tecido social do país. O meticuloso processo de preparação reflete tradições profundamente enraizadas que enfatizam a hospitalidade e a comunidade. À medida que Marrocos continua a importar grandes quantidades de chá verde e, ao mesmo tempo, a exportar a sua mistura única para o mundo, continua a ser um interveniente fundamental no panorama global do chá, onde cada chávena conta uma história de calor, amizade e rica herança cultural.