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Diplomacia cultural: Marrocos na encruzilhada do património e do soft power

Diplomacia cultural: Marrocos na encruzilhada do património e do soft power
Sexta-feira 13 Dezembro 2024 - 15:10
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Marrocos afirmou-se como uma referência na diplomacia cultural, mobilizando o seu património e as suas indústrias criativas para fortalecer a sua influência internacional. Durante o painel intitulado “Diplomacia cultural: reconectar as comunidades atlânticas através da arte e do património”, organizado no âmbito da conferência “Diálogos do Atlântico”, o Ministro da Juventude, Cultura e Comunicação, Mohamed Mehdi Bensaid sublinhou que esta abordagem permite ao Reino promover a sua riqueza cultural, ao mesmo tempo que defende os seus interesses geopolíticos.

A diplomacia cultural, muitas vezes vista como uma “força suave”, desempenha um papel decisivo na política externa de Marrocos. Segundo o ministro, vai além da simples representação para se tornar uma ferramenta estratégica face aos desafios globais. Ao investir na preservação e valorização do seu património, o Reino está a criar um modelo inspirador que atrai a atenção e o investimento internacional.

Indústrias criativas: uma alavanca estratégica

As indústrias culturais e desportivas marroquinas estão a estabelecer-se como instrumentos-chave desta diplomacia. Rama Yade, diretor do Centro África do Conselho Atlântico, destacou o seu papel na atratividade económica e na imagem de Marrocos no estrangeiro. A música, o cinema e os eventos desportivos testemunham esta capacidade de conjugar cultura e economia.

Esta estratégia não só promove o património marroquino, como também atrai investidores estrangeiros. Ao posicionar a cultura como um motor económico, Marrocos está a fazer do seu património uma alavanca para o desenvolvimento sustentável e o diálogo global, reforçando ao mesmo tempo a sua influência na cena internacional.

Reconectar culturas para fortalecer identidades

A diversidade cultural está no cerne da identidade marroquina e constitui um pilar da sua diplomacia. Jessica De Alba-Ulloa, professora na Universidade do Maine, falou da noção de “diplomacia patrimonial”, que valoriza as especificidades culturais para criar pontes entre as nações.

Tal como o México, que depende da sua mistura cultural para afirmar a sua identidade, Marrocos celebra a pluralidade das suas influências. Elementos como a arte, a gastronomia e até as práticas artesanais tornam-se vetores de compreensão mútua e de diálogo entre os povos. Esta abordagem reflete uma visão focada no futuro, onde a cultura é uma linguagem universal capaz de unir as comunidades.

Um diálogo cultural entre vizinhos

A cooperação cultural entre Marrocos e os seus vizinhos ilustra também o alcance desta diplomacia. Migdalia Machin, ministra regional das Canárias, destacou os profundos laços históricos e culturais que unem o arquipélago e o Reino. Estas trocas são reforçadas por um diálogo contínuo, onde cada parte aprende a conhecer e a respeitar melhor a outra.

Situadas a apenas 100 km de Marrocos, as Canárias partilham com o Reino um património comum que enriquece ambas as partes. Este diálogo, parte de uma lógica de respeito mútuo, realça a importância das colaborações transfronteiriças para construir um futuro inclusivo e harmonioso.

Uma visão global para os desafios partilhados

As discussões em torno da diplomacia cultural fazem parte de um quadro mais vasto, o dos “Diálogos do Atlântico”, um evento que reúne especialistas e decisores em torno de questões globais. Para além das questões culturais, foram discutidos temas como a segurança regional, a inteligência artificial e as infraestruturas inteligentes, destacando os desafios e as oportunidades de um Atlântico alargado.

Ao promover uma melhor coordenação entre o Norte e o Sul, estes diálogos abrem caminho a soluções inovadoras, onde a cultura se torna um catalisador para enfrentar os desafios globais. Assim, Marrocos continua a posicionar-se como um interveniente fundamental, combinando património cultural e modernidade na sua busca pela liderança global.

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