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Inteligência artificial: uma fonte crescente de lixo eletrónico até 2030?

Inteligência artificial: uma fonte crescente de lixo eletrónico até 2030?
Quinta-feira 31 Outubro 2024 - 10:17
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A ascensão da inteligência artificial generativa é acompanhada por uma preocupação crescente: o impacto ambiental das tecnologias de ponta poderá ser muito mais significativo do que o esperado. Um estudo recente, publicado na revista científica Nature Computational Science, projecta um volume alarmante de lixo electrónico ligado ao desenvolvimento da inteligência artificial, estimado em até 5 milhões de toneladas até 2030. Se as medidas não forem tomadas rapidamente, esta onda de resíduos poderão marcar um ponto de viragem na crise dos resíduos eletrónicos.

Crescimento exponencial e infraestrutura gananciosa

A inteligência artificial, e mais particularmente modelos generativos como o ChatGPT, baseia-se em tecnologias de computação intensivas que requerem infraestruturas eficientes. Estes algoritmos avançados são executados em processadores potentes e servidores de alta capacidade que, para se manterem na vanguarda, passam por ciclos de atualização frequentes. Esta dependência dos melhores e mais recentes componentes leva a substituições regulares de hardware, acelerando a taxa de obsolescência e de descarte de equipamentos.

Os investigadores por detrás do estudo apresentaram um número comparativo impressionante: o equivalente a vários milhares de milhões de unidades de iPhone ou milhares de aviões Boeing 747 cheios de electrónica poderão acabar em aterros até ao final da década. Esta perspetiva preocupante revela a escala do problema se as inovações em inteligência artificial continuarem a sua dinâmica sem regulamentos eficazes ou estratégias de reciclagem.

Um cocktail de materiais tóxicos

As placas de circuito e as baterias dos dispositivos eletrónicos modernos são muitas vezes constituídas por substâncias tóxicas – arsénico, mercúrio e cádmio, para citar algumas. A sua acumulação em aterros representa um grande risco para a saúde pública e para o ambiente, especialmente nos países onde os resíduos eletrónicos são importados sem infraestruturas de gestão adequadas.

O estudo prevê que dos milhões de toneladas de lixo eletrónico, quase 1,5 milhões de toneladas poderão consistir em placas de circuito impresso e meio milhão de toneladas de baterias perigosas. Estes elementos, quando não são tratados adequadamente, libertam substâncias poluentes para os solos e águas subterrâneas, agravando a crise ecológica mundial.

Que soluções deve considerar?

Perante esta crise iminente, várias soluções estão a ser equacionadas. A primeira consiste em prolongar a vida útil dos equipamentos, limitando os ciclos de renovação. Alguns intervenientes na indústria tecnológica estão também a explorar alternativas mais ecológicas, como a utilização de materiais menos tóxicos ou técnicas de reciclagem mais eficientes.

Outro caminho possível é o agrupamento de recursos através de data centers partilhados e otimizados para reduzir a redundância de hardware. Finalmente, o desenvolvimento de novos algoritmos que exijam menos recursos poderá também limitar a dependência de equipamentos de ponta.

Em suma, a transição para a inteligência artificial sustentável exigirá um compromisso de toda a indústria tecnológica, bem como políticas públicas e uma maior consciência dos impactos ambientais. O desafio é significativo, mas é crucial enfrentá-lo agora para evitar que as inovações de amanhã se tornem os encargos ecológicos de amanhã.


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